quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Inglaterra, Rio e o comportamento da plateia

Todos sabem que, infelizmente, embora as salas de teatro sejam, majoritariamente, ocupadas pelos que estão no topo da cadeia econômica - graças aos altos preços dos ingressos -, nem sempre o comportamento dos espectadores é condizente com sua condição financeira. Em estreia recente, da peça 'Adorável Desgraçada', com Débora Duarte, no Solar de Botafogo, duas atrizes não se intimidaram com o clima intimista do monólogo: uma esqueceu de desligar seu telefone; a outra passou boa parte da encenação trocando mensagens ao celular, sem se importar com a luz do visor que se destacava na plateia escura. Além de espectadoras, são colegas de profissão da atriz que, em cena, era obrigada a lidar com tais impedimentos à sua concentração. Um comportamento lamentável que, em palcos fora do Brasil, poderia ser repreendido com veemência.

Basta ver o caso que envolveu o ator Ian Hart, 45 anos, e um espectador que, segundo consta, teria conversado durante toda a peça que o intérprete britânico apresentava. No intervalo, Hart não se intimidou: dirigiu-se ao espectador com raiva, exigindo que calasse a boca. O homem em questão pensou tratar-se de uma fala do espetáculo. No fim da peça, contudo, o ator partiu para cima dele, gritando, acusando-o de ter falado a peça inteira. Pessoas próximas tiveram que intervir, para que o incidente não terminasse em agressão. Agora, o espetador estuda processar o ator, conhecido por ter interpretado Quirinus Quirrell, o professor de defesa contra as artes das trevas, no filme 'Harry Potter e a Pedra Filosofal'.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Vinte anos depois, o desejo mora ao lado

A atual montagem (acima) e a montagem original da peça, de 1987

Já disse Santo Agostinho que a medida do amor é amar sem medida. Sem censura, ele se apresenta em sua mais célebre forma, o amor carnal, na peça 'A Loba de Ray-Ban'. Em cartaz no Teatro Frei Caneca em São Paulo até 20 de dezembro (e com viagem marcada para o Rio), o espetáculo excede em sensualidade já nas fotos de divulgação feitas por Luiz Tripolli: suas imagens captam a atmosfera de desejo compartilhado que permeia a montagem. Nela, Christiane Torloni é uma atriz experiente que se apaixona por uma colega de profissão jovem, papel de Maria Maya - uma instigante aproximação assistida pelo marido da primeira, também ator, interpretado por Leonardo Franco.

Um triângulo amoroso se estabelece e ecoa na primeira montagem do espetáculo, de 1987, que teve o saudoso Raul Cortez no papel do 'lobo', hoje transformado em 'loba' na composição de Christiane. A atriz participou da montagem original, como a mulher do personagem de Cortez. Leonardo Franco também estava no elenco, como o jovem ator por quem o lobo se apaixonava, agora a atriz interpretada por Maria Maya. A direção do celebrado texto de Renato Borghi é, mais uma vez, de José Possi Netto.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Musical 'Gipsy' anuncia seus testes de elenco

Prevista para estrear em janeiro, a aguardada montagem brasileira do musical 'Gipsy', mais uma sob o comando de Charles Möeller e Claudio Botelho, já começa a garimpagem para testes de elenco: bailarinos/atores/cantores interessados e que possuam experiência comprovada em teatro musical devem enviar currículo com foto recente de corpo inteiro para o e-mail gipsy@aventuraentretetimento.com.br até o dia 3 de dezembro. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone 2286-2035. Há papéis disponíveis para duas meninas, entre 8 e 13 anos, uma atriz e um ator, com idades entre 18 e 25 anos. Para o elenco de apoio, podem se candidatar bailarinos entre 20 e 30 anos. É desejável que a atriz, bailarina e cantora adulta seja bastante experiente e que o ator, bailarino e cantor tenha longa vivência em sapateado.

Com música de Julia Styne, letras de Stephen Sondheim e texto de Arthur Laurentes, 'Gipsy' se debruça na história de uma das mais famosas strippers que os Estados Unidos já conheceram e sua relação com a mãe dominadora. Na versão brasileira, os papéis serão defendidos por Adriana Garambone e Totia Meirelles. A Broadway recebeu revival recente do antológico musical, com Patti Lupone no lendário papel da mãe: uma interpretação vibrante, com solos antológicos a serviço da pulsante música de Sondheim. Mais uma produção de qualidade importada para o Brasil sob o selo de qualidade da dupla Möller e Botelho.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Broadway à carioca com o 'Teatro Para Todos'

De volta, depois de um longo e tenebroso inverno. E a pleno vapor, orgulhosamente, na divulgação da campanha Teatro Para Todos. A partir desta sexta-feira, dia 20 de novembro, e até 20 de dezembro, o carioca terá a oportunidade de assistir a espetáculos teatrais de sucesso pagando bem menos que de costume: quem adquiri-los num dos postos de venda da campanha, pagará entre R$ 5 e R$ 25. Não é pouca coisa: vejamos o exemplo do musical 'O Despertar da Primavera': na bilheteria do Villa-Lobos, o ingresso varia entre R$ 60 e R$ 70. Quem correr para comprá-lo num dos postos de venda do Teatro Para Todos, paga apenas R$ 25, mais de 50% de desconto.
Parece a área dos tickets da Broadway em Times Square, só que com pontos de venda espalhados pela cidade: um quiosque fixo instalado na Cinelândia; quiosques móveis que circulam por diversos bairros do Rio; postos BR; filiais das Lojas Americanas Express e Americanas.com e através do site ingresso.com.

Os espetáculos recordistas de ingressos na campanha este ano são a comédia ‘Farsa da Boa Preguiça’ (5.900 ingressos); o musical ‘Hairspray’ (4.800 ingressos); a comédia romântica ‘A História de Nós Dois’ (4.200 ingressos); a comédia ‘Gorda’ (3.850); o drama ‘Zoológico de Vidro’ (3.800) e o musical ‘O Despertar da Primavera’ (2.650). É a sétima edição da bem-sucedida campanha idealizada pela APTR (Associação dos Produtores de Teatro do Rio de Janeiro), que este ano oferece mais de 100 mil ingressos para um total de 68 peças. Informações pelo 2205-2202 ou no site http://www.teatroparatodos.com.br/

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Humor de cara nova com o ator Paulo Gustavo

Tem o sugestivo nome de 'Hiperativo' o novo trabalho do ator Paulo Gustavo, do sucesso 'Minha Mãe é uma Peça' (que acaba de passar pelo Canecão depois de ser visto por mais de 300 mil pessoas). A nova montagem segue a linha das stand-up comedies, estreou no Espaço Cultural Unimed, em Niterói, e deve chegar ao Rio em outubro, no Teatro Miguel Falabella, no NorteShopping. Até lá, o ator cumpre expediente ainda do lado de lá da ponte: 'Minha Mãe é uma Peça', monólogo hilariante sobre os apuros de uma mãe superprotetora, cumpre temporada de 11 a 27 de setembro no Teatro Abel. A maré exitosa no teatro repercute no cinema: o ator, que já esteve nas telas esse ano como o divertido cabeleireiro gay de 'Divã', vai contracenar com Xuxa em 'O Fantástico Mistério da Feiurinha', que tem previsão de estreia para dezembro. Para quem ficou curioso sobre a nova peça, seguem trechos de entrevista do ator no Jô:

http://www.youtube.com/watch?v=Nk9LL9p-MJw e http://www.youtube.com/watch?v=4vdsGPfsjsU&feature=related

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Möeller e Botelho na série 'Dalva e Herivelto'

Em iniciativa inédita, o know how do teatro musical brasileiro servirá à realização de cenas numa minissérie televisiva: o diretor Dennis Carvalho contratou Charles Moeller e Claudio Botelho, os mais bem-sucedidos diretores de musicais do país, para dirigir os shows de 'Dalva e Herivelto', projeto que terá Adriana Esteves e Fábio Assunção como protagonistas. O Quitandinha, em Petrópolis, vai ser um dos cenários de shows do programa: ele se tranformará no Cassino da Urca. A minissérie, que se debruça na conturbada relação da cantora Dalva de Oliveira (foto) com o compositor Herivelto Martins, está cercada de cuidados, como um workshop sobre música ministrado por João Máximo e Sérgio Cabral.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Cate Blanchett e a marca de Blanche DuBois

Uma das mais impactantes personagens da dramaturgia mundial de todos os tempos, Blanche DuBois trará marcas eternas a Cate Blanchett. A atriz foi atingida por um rádio cenográfico pelo colega de elenco Joel Edgerton durante apresentação do espetáculo 'Um Bonde Chamado Desejo' em sua terra-natal, Sydney (Austrália). Com a cabeça sangrando, teve que interromper a encenação, mas passa bem. O incidente aconteceu nesta quarta-feira. Com programação visual arrojada, a peça é dirigida por Liv Ullmann e é mais uma montagem da Sydney Theatre Company. A interpretação de Cate para a célebre personagem de Tennessee Williams tem sido aclamada pelas capitais nas quais a montagem esteve. No Brasil, um dos últimos grandes desempenhos para o papel foi de Leona Cavalli.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Isabelle Huppert encena 'Quartett' no Brasil

A presença de 'Quartett' em terras brasileiras não é novidade: Beth Goulart e Guilherme Leme defenderam, com sucesso, o texto do alemão Heiner Müller, que bebe da fonte do romance 'Ligações Perigosas'. Inédito, contudo, é poder vê-lo na encenação de Bob Wilson que traz a estrela francesa Isabelle Huppert no elenco. O espetáculo desembarca no Brasil pelas comemorações do Ano da França, para apresentações em São Paulo e em Porto Alegre. A capital gaúcha sedia o seu tradicional Festival Internacional de Artes Cênicas, que chega ao 16º ano recheado de atrações internacionais de peso. Os paulistanos poderão conferir a performance de Huppert (aclamada pelo antológico desempenho de 'A Professora de Piano') no Sesc Pinheiros, de 12 a 16 de setembro, com ingressos a R$ 30,00, à venda a partir de amanhã, em todas as unidades do Sesc do estado. Já as apresentações no Poa em Cena acontecem de 23 a 25 de setembro, com ingressos à venda no centro de eventos do BarraShopping Sul. Parceria do Sesc SP com o Festival Internacional de Artes Cênicas de Porto Alegre, a vinda de 'Quartett' representa mais uma chance de o público brasileiro prestigiar o trabalho da atriz, que já apresentou por aqui o drama '4.48 Psychose'.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

De perto, ninguém é normal

Os alucinógenos estão mesmo na pauta de Fernanda Torres: além de servirem como agentes detonadores de todas as esquisitices que servem à peça 'Deus é Química' - sua primeira empreitada como autora teatral, em cartaz no Teatro dos Quatro -, eles figuram em cena impagável de 'Os Normais 2'. No filme, que estreou sexta-feira e mostra a desventuras de Rui e Vani para conseguir uma mulher que tope fazer um ménage a trois, a atriz protagoniza a melhor sequência, quando fuma um cachimbo indígena e mergulha numa vibe pesada de perseguição. Divertidíssimo.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Claudia Raia de joelhos e de pernas para o ar

Quem esteve na estreia de 'O Despertar da Primavera' no Teatro Villa-Lobos, no Rio, presenciou cena curiosa envolvendo o diretor Claudio Botelho e a atriz Claudia Raia. Emocionada com o trabalho desenvolvido por ele na adaptação nacional do musical da Broadway, ela não pensou duas vezes e ajoelhou-se para reverenciá-lo. O gesto pode ter espantado muita gente, mas encontra explicação em passado recente: Claudia Raia estrelou, em 2007, sob o comando do diretor, o incensado musical 'Sweet Charity', com carreira bem-sucedida em São Paulo e Rio e resenhas elogiosas. De lá para cá, Botelho e o parceiro Charles Möeller já emplacaram outros sucessos, caso de 'A Noviça Rebelde' e 'Beatles num Céu de Diamantes', enquanto a atriz se dedicou à TV com a novela 'A Favorita'. Aos fãs das celebradas pernas dela a serviço das coreografias de musicais, um consolo: a mãe de Enzo e Sophia prepara seu retorno aos palcos com montagem intitulada 'De Pernas para o Ar'. O texto do musical é da dupla Fernanda Young e Alexandre Machado (de 'Os Normais') e a direção, de Wolf Maya. Mais informações estarão logo, logo à disposição do público no http://www.pernasproar.com.br/

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Spring Awakening original de fábrica

Para quem viu e para quem ainda não viu a montagem nacional de 'Spring Awakening' ('O Despertar da Primavera'), vale dar uma olhada em dois números com as melhores canções do musical original da Broadway: 'Mama Who Bore Me' e 'The Bitch of Living'. Aos que viram por aqui, reparem na diferença crucial: na montagem americana, atores cantam com microfone em punho. Aqui, o diretor Charles Möeller optou por fazer do canto um andamento natural da ação, sem o elenco posando de rock star.
http://www.youtube.com/watch?v=eRM2iaKHMCU&feature=related

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

O Despertar da Primavera: um musical classe A

Não é todo dia que se vê nos palcos um musical dramático, com temas como suicídio, incesto e sexo entre menores de idade. 'O Despertar da Primavera' é tudo isso e mais. Ao apoderar-se do polêmico texto teatral do alemão Frank Wedekind de 1891, a dupla Duncan Sheik e Steven Sater fez nos Estados Unidos o que parecia inconcebível: transformou-o em musical. Sagaz, embalou-o com rock e coreografou, com desenvoltura, aquele hiato que separa a infância da vida adulta. Charles Möeller e Claudio Botelho viram a montagem na Broadway, compraram seus direitos e ganharam outro: o de fazer a seu modo. No Teatro Villa-Lobos, desde sábado, está o resultado. A montagem nacional seduz pela plasticidade e pela contenção - é um musical maduro, apesar da temática adolescente.

Ousada, a cena de sexo entre o casal protagonista está ali para explicitar que é ele o eixo da produção: é do despertar para os prazeres do corpo que trata a montagem, e de toda a censura que vem a partir da liberdade de se tomar partido, ir em busca do que se realmente quer. O cenário de tijolos, de grandes proporções verticais, emoldura com perfeição o afinado elenco, com um Pierre Baitelli apaixonado na pele de Belchior, por quem Wendla (Malu Rodrigues) se apaixona e a quem se entrega. A atriz, afinada, tem tom suave, sedutor, mas o acerto que obtém na parte musical não é o mesmo da interpretativa: falta-lhe força dramática, aquele brilho que uma protagonista como a que defende deve ter. Coisa que Rodrigo Pandolfo, intérprete do espevitado Moritz, tem de sobra. Ator superlativo, domina as cenas em que está, imprime força às canções que cabem a ele, mas merece a ressalva: menos seria mais para seu Moritz, para que o público acompanhe com o devido drama o conflito do personagem. Letícia Colin, conhecida da TV, é grata surpresa: canta bem e tem forte presença cênica.

Também a favor da encenação estão as versões que Botelho fez para as canções: elas se comunicam com o público jovem, com despudor e irreverência. Há vários momentos memoráveis - 'The bitch of Living' é um deles - e, em todos eles, a sensação de que ali está um trabalho feito com respeito pelo espectador, repleto de pequenas surpresas, rigor em detalhes e o bom gosto que vem conduzindo a bem-sucedida carreira de Möeller e Botelho. Nada, contudo, tem o impacto de olhar nos olhos da garotada que está em cena (são mesmo jovens atores, de 14 a 25 anos, boa parte virgem de musicais) ao fim do espetáculo, diante dos aplausos do público. O despertar deles acontece em comunhão com a plateia. Que venha a primavera. E depois, que venha 'Gipsy'.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Fernanda Torres: uma atriz que joga nas onze

Os dias que seguem são de muitos encontros com Fernanda Torres para o titular deste blog. O primeiro deles, sexta, na estreia da peça escrita por ela, 'Deus é Química', no Teatro dos Quatro. O segundo, ontem, durante o Prêmio Multishow, do qual ela foi apresentadora e o único motivo para acompanhar à desinteressante cerimônia. O terceiro, logo, logo, com a estreia de 'Os Normais 2', marcada para o dia 28. Em todos, a garantia do star quality de Fernanda, uma atriz que soube imprimir sua personalidade mesmo sendo filha daquela que é considerada a grande dama do teatro brasileiro.

Na peça, que entra em sua segunda semana, ela mostra que também sabe escrever: dirigido por Hamilton Vaz Pereira, o espetáculo que marca a primeira vez da atriz como autora tem todo o sarcasmo peculiar à intérprete, tudo muito bem fundamentado em fina ironia e também muita bobagem, porque ninguém é de ferro. Na montagem, ela e Luiz Fernando Guimarães, seu habitual parceiro, se veem jogados numa saga em que fazem uma viagem pelo mundo dos alucinógenos - e por que não? - pelo mundo propriamente dito, do Himalaia ao Afeganistão, de Bagdá à Amazônia. A jornada lisérgica tem como grande mérito a proposta de encenação, com banda ao vivo, uso de texto na mão, sonoplastia muito bem executada e luz que desenha bem os climas da montagem. Jorge Mautner, Francisco Cuoco e Fransergio Araújo dão tempero ainda mais escrachado ao espetáculo, garantia de risos fartos.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

'A Música Segunda': as escolhas de um diretor

De tempos em tempos, a gente acaba sendo surpreendido por montagens teatrais de realização questionável, mas levada adianta graças à paixão. Paixão dos atores pelo projeto. Paixão do diretor pelo projeto. Paixão do produtor. É com esse 'amor demais' que o espetáculo 'A Música Segunda' cumpre temporada no Rio, no Maison de France. Curiosamente, tanta entrega ao projeto, um texto de Marguerite Duras sobre o reencontro de um casal que viveu uma paixão doentia e está separado há três anos, não garante vigor dramatúrgico. Helena Ranaldi e Leonardo Medeiros repetem, sob verniz de texto sério e profundo, os tipos da novela 'A Favorita': ela é a mulher infiel; ele, o marido traído, lamentoso. E se jogam, sem temor, na proposta do diretor José Possi Netto, que pontua as emoções com música, a todo instante, e ainda coloca em cena dois bailarinos, como alteregos dos protagonistas. Há marcações duras, quase coreografadas, e, é bom ressaltar, o excesso de toda aquela música com muito sax e atmosfera pseudo-envolvente é de gosto duvidoso. A discussão toda do casal, que vasculha o passado em busca de respostas para o fim, não traz nada de novo. E acaba ficando em segundo plano, diante de tantos artifícios da encenação.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

A volta do melhor espetáculo da temporada

Melhor espetáculo da temporada, 'In on It' volta à cena a partir desta sexta no Teatro Maria Clara Machado. É uma rara oportunidade de conferir a maturidade do trabalho do diretor Enrique Diaz à frente da montagem, que tem texto do canadense Daniel MacIvor. Diaz, que havia arrebatado público e crítica ao desconstruir Shakespeare com 'Ensaio.Hamlet' e não obtivera o mesmo êxito ao reler Tchekov com 'Gaivota - Tema para um Conto Curto', teve a plateia do Oi Futuro nas mãos durante a temporada inicial de 'In on It'. Todos embarcaram no ardiloso jogo proposto pela encenação, em que Fernando Eiras e Emílio de Mello se jogam, sem rede de proteção, nas exigências do original texto, que passeia por temas como identidade, relação familiar e amorosa, vida, morte. Pode ir sem medo: a peça é complexa, mas divertida; inteligente, mas nada aborrecida. Vale o ingresso.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Peça de Fernanda Young chega ao Clara Nunes

Sai Priscila Fantin, entra Juliana Knust. Espetáculo baseado no primeiro livro de Fernanda Young, 'Vergonha dos Pés' chega ao Rio depois de temporada em São Paulo, com o mesmo Danton Mello da montagem original. A peça estreia para público neste sábado no Teatro Clara Nunes, na Gávea, e foca na busca de dois jovens pelo papel que ocuparão no mundo: Ana é uma escritora que luta para que suas histórias cheguem ao papel, e encontra em Jaime (Danton) um parceiro de ideais. A paixão dos dois é embalada por trilha sonora pop, sob direção de Alexandre Reinecke, que utiliza em cena vídeos e manipulação de bonecos. O título da peça faz referência a Ana, que calça 33 e não lida bem com o tamanho dos pés.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

O teatro como exercício para o pensamento

Fundo preto, ausência de cenário, apenas uma cadeira da mesma cor e, sentada nela, Fernanda Montenegro com uma camisa de botões branca. Acima dela, uma luz que incide sobre seu rosto durante toda a encenação de 'Viver Sem Tempos Mortos', monólogo que tem como texto cartas e apontamentos autobiográficos de Simone de Beauvoir. Em pré-estreia para convidados ontem no Oi Futuro (a estreia acontece hoje), o espetáculo finalmente chega ao Rio obrigado a mostrar a cariocas o que nele há de tão especial.
São sutis as descobertas: a primeira delas está no texto, um relato envolvente e pouco emotivo, pontuado por considerações ímpares da mulher de Sartre sobre a condição do feminino, do masculino e das duas pontas capazes de uni-los ou separá-los. Ali, nos escritos da filósofa, passeiam divagações sobre o tempo e a liberdade, numa clara sinalização de que um bom conselho é mesmo viver sem olhar tanto para trás, abandonando o passado. Como sentencia a peça, viver sem tempos mortos, ciente de que o que vem pela frente está intimamente ligado com tudo o que já foi feito. No que é dito, há espaço ainda para considerações sobre o amor - o carnal, o baseado na admiração intelectual. E em tudo, uma atriz corajosa, capaz de se entregar ao jogo proposto pelo diretor Felipe Hirsch: Fernanda não se levanta, pouco se movimenta, arrebata no minimalismo, surpreende na delicadeza, no espírito jovem, ainda contestador das convenções, no prazer de atuar e ser outra. E na outra ser ela e dar um pouco de si a todos. Econômico, rico e inteligente, o monólogo que a atriz apresenta dura 60 minutos, que passam rápido mas devem durar uma eternidade no pensamento dos espectadores. Teatro simples e eficiente. Recompensador. Cotação:***

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Jean Charles é tema de peça no teatro britânico

O drama do brasileiro Jean Charles de Menezes, assassinado pela polícia inglesa em julho de 2005, parece mesmo predestinado a ocupar espaço no mundo das artes. Depois do fraco filme com Selton Mello, estreou ontem, em Londres, o espetáculo 'Stockwell', que se apoia nas transcrições do inquérito sobre a morte do rapaz, realizado ano passado. A montagem tenta recriar o que aconteceu desde o instante em que Jean Charles saiu de casa até o momento em que foi morto. Brian Paddick, ex-subcomissário da Polícia Metropolitana de Londres, presente ao inquérito, assistiu a ensaios da peça e disse que ela é 'razoavelmente equilibrada'. Uma constatação se faz necessária: mesmo com todo o horror a partir da impunidade que recai sobre o caso, causa estranheza tanto interesse dramatúrgico gerado a partir dele, afinal, é só mais uma terrível história de violência com final infeliz. Sem elementos, ao menos até agora, para tantos desdobramentos.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Mentor do Dogma 95 vê peça no Rio

Em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil, 'Festa de Família', peça baseada no filme homônimo que tornou célebre o movimento dinamarquês Dogma 95, gera um filhote simpático nesta quinta-feira: Mogens Rukov, considerado mentor do Dogma e que escreveu com Thomas Vinterberg o roteiro do filme, vai assistir a montagem nacional, às 19h, e fará palestra com tradução simultânea após o espetáculo, às 21h, no Teatro I do CCBB. No mesmo dia e também às 19h, o centro cultural exibe o longa-metragem, que se passa durante a comemoração do aniversário de 60 anos do patriarca de uma família. Segredos escandalosos vêm à tona, como um caso de pedofilia, outro de traição e situação de preconceito racial.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Caruso e Jussara repetem Clint e Meryl Streep

Peça feita na medida para o público feminino de meia idade e as senhorinhas da vans (que representam o grosso do público de teatro), uma adaptação do filme 'As Pontes de Madison' ocupa o Teatro Renaissance, em São Paulo. A montagem se beneficia do carisma de Marcos Caruso e Jussara Freire, que interpretam os papéis no cinema defendidos por Clint Eastwood e Meryl Streep. Essa é a primeira montagem sul-americana para o romance de Robert James Waller, sobre um fotógrafo apaixonado por uma mulher casada. A direção é de Regina Galdino.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Fernandona em busca do Oscar perdido

Indicada ao Prêmio Shell de Teatro pelo monólogo 'Viver sem tempos mortos', que chega neste segundo semestre ao Rio, Fernanda Montenegro não se intimidou quando foi convidada pelo 'Casseta & Planeta' para participar do programa de hoje. Deixou de lado a imagem de grande dama do teatro brasileiro para mergulhar na sátira proposta: no programa, ela é Fernandona Jones - Em Busca do Oscar Perdido. Por falar em Shell, outra atriz conhecida do grande público concorre ao prêmio: Betty Faria, por 'Shirley Valentine'. Na categoria ator, o grande nome na disputa é João Miguel (do filme 'Estômago'), estrela do espetáculo 'Só'. No Shell do Rio, a maioria das indicações se concentrou no excelente 'Avenida Q'. Marília Pêra concorre como atriz por 'Gloriosa'.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Regina Braga encena texto do marido

Sempre um bom motivo para ir ao teatro, Regina Braga traz ao Rio a partir desta quinta-feira o espetáculo 'Por um Fio', adaptação teatral do próximo livro do médico e escritor Drauzio Varella. O tema é a proximidade da finitude: pessoas que sabem que vão morrer são os personagens que compõem as histórias. Quem divide cena com a atriz é Rodolfo Vaz, que esteve em outro sucesso de Drauzio adaptado para o teatro: 'Salmo 91', extraído de 'Estação Carandiru'. 'Por um Fio' cumpre temporada no Sesc Ginástico.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Humor inteligente com um estranho casal

Em cartaz no Teatro do Leblon, 'Estranho Casal' é a prova de que o empenho em fazer as coisas darem certo pode render resultados surpreendentes. Carmo Dalla Vecchia resolveu capitalizar em cima da fama que 'A Favorita' lhe proporcionou e montou, ao lado do amigo dos velhos tempos Edson Fieschi, esta comédia que tanto fez sucesso na Broadway e no cinema reuniu Jack Lemmon e Walter Matthau. Com responsabilidade de sobra nas costas, a dupla encara o desafio de interpretar os protagonistas da peça de Neil Simon, dois divorciados que, quando vão morar juntos, descobrem no dia a dia uma relação tão complicada quanto a de seus ex-casamentos. Além de terem tido o cuidado de buscar como tradutor do texto ninguém menos que Gilberto Braga, os dois se esforçaram para dar credibilidade a seus tipos, com humor saborosíssimo que exala a cada nova cena de embate. Seja no gestual ou nas hilárias caras e bocas e deixas perfeitas, os dois atores brindam a plateia com trabalho de excelente qualidade sob direção de Celso Nunes, que imprime andamento perfeito à comédia. Fazendo rir - e muito - estão também Bel Garcia e Susana Ribeiro. A dupla feminina, que integra a Companhia dos Atores, dá vida na peça a duas irmãs com um sotaque gaúcho hilariante, em mais um gol da montagem nacional. Cotação: ***

Wolverine e James Bond juntos na Broadway

Os produtores da Broadway não dormem no ponto e trataram de juntar dois dos principais galãs da atualidade em montagem que estreia em setembro. 'A Steady Rain' (Uma Chuva Constante) reunirá no mesmo palco Hugh Jackman (foto), conhecido mundo afora como o Wolverine da saga dos 'X-Men', e Daniel Craig, que personifica James Bond nos filmes do agente secreto. A data anunciada para a estreia oficial é 29 de setembro, no Teatro Gerald Schoenfeld, em Nova York, mas uma pre-estreia - que promete ser a mais concorrida do ano - está agendada para o dia 10 do mesmo mês. A dupla interpretará dois policiais de Chicago, amigos de infância, que têm suas vidas modificadas subitamente. A montagem marcará a estreia de Craig em palco nova-iorquino. Jackman não só tem experiência por lá como levou para casa um Tony por sua interpretação de Peter Allen no musical da Broadway 'The Boy From Oz'.
Mesmo no palco, Jackman não abandona os sets de cinema. Entre filmes prontos, em andamento e agendados, o ator já contabiliza 1o produções para estrear até 2012 - uma deles será 'Unbound Captives', primeira direção de Madeleine Stowe. A temporada de 'A Steady Rain' será de 12 semanas.

terça-feira, 14 de julho de 2009

'Hairspray' nacional: uma explosão de alegria

A estreia da montagem brasileira do musical 'Hairspray', semana passada, no Oi Casa Grande, foi cercada de alguns contratempos: quarta e quinta-feira, nos dois primeiros dias de apresentação, houve falhas técnicas - boa parte delas sonoras - que, ao que parece, não chegaram a comprometer o bom resultado final da encenação. Na sexta-feira, para uma plateia repleta de vips, as coisas estavam melhores, embora ainda não 100%: houve falha no microfone de alguns atores e Edson Celulari fez menos do que podia na 'exigida' entrada triunfal de canto e dança de Edna Turnblad nos momentos finais. No instante em que a mãe rechonchuda da protagonista tem que mostrar a que veio, e dançar e cantar com o mesmo empenho da espevitada filha Tracy, o ator se atrapalhou no refrão: sorte é que sua Edna já fizera bonito antes, em dueto com o marido magricela.
Dirigido e traduzido por Miguel Falabella, o 'Hairspray' brasileiro é obrigado a seguir à risca figurinos e coreografias do original da Broadway e mostra competência nos dois quesitos. Mas o que o segura mesmo é a excelente escolha da atriz protagonista: Simone Gutierrez é um furacão, prestes a estourar a todo instante em corpo diminuto. E como canta bem essa menina. Soma-se a ela como ponto alto o elenco coadjuvante, principalmente Bené Monteiro, o garoto negro Seawed, cheio de ritmo. As letras traduzidas de Falabella também são competentes e Arlette Salles opta por 'abrasileirar' a vilã da história, em tom acertado. Já a voz de loura burra que Danielle Winits empresta à outra malvada da trama está acima do tom, já que tem que ser utilizada nas canções, o que acaba por torná-las aborrecidas. Ainda assim, a atriz diverte a plateia. Dividido em dois atos, o musical tem ritmo de sobra no primeiro, mas não segura tão bem a onda no segundo, que mereceria duração menor - o problema aí é do roteiro original. Ainda assim, o saldo final é positivo, com 'Hairspray' resultando numa explosão de alegria. Cotação: ***

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Os primeiros passos da filha do Saci Pererê

Prestes a se formar como atriz pela Cal (Casa das Artes de Laranjeiras), Dandara Mariana, 21 anos, grandes e expressivos olhos e 52 quilos delicadamente distribuídos por 1,57 metro, seria só mais uma bela atriz negra a entrar no mercado não fosse por uma credencial extra: a moça é filha de Romeu Evaristo, ator que ficou célebre por interpretar o Saci na versão mais conhecida do 'Sítio do Picapau Amarelo' (de 1977 a 1986, na Rede Globo). Engana-se quem pensa que o pai, contudo, incentivou-a nos primeiros passos na carreira que agora começa a render frutos: "Ele sempre foi um paizão, mas nunca quis que eu optasse pela área artística. Teimosa como sou, não teve jeito. Hoje em dia, ele me apoia e me protege", revela Dandara, que ensaia o musical 'O Bem do Mar', sob direção de De Bonis, com estreia prevista para 15 de outubro no Teatro Fashion Mall. A novata também integra um projeto que visa encenar 'Noite de Reis' no Parque Lage com Thierry Trémoroux na direção.
Seus sonhos não estão só no teatro. "Quero fazer cinema, é uma das minhas paixões", diz a atriz, que já fez sua estreia em frente às câmeras na TV, na série 'As Aventuras de Parabólico'. Dirigido por Lázaro Ramos, o programa foi exibido na Canal Brasil e passa atualmente no Canal Futura. Além de bonita, Dandara tem potencial: tive a oportunidade de conhecê-la e saber do pai famoso há duas semanas, durante uma das bancas de avaliação de alunos da Cal em fim de curso. Ela ainda tem um longo caminho de aperfeiçoamento e dedicação pela frente, mas tem tudo para brilhar. Quem sabe, logo, logo, ao lado de jovens e já experientes nomes como Taís Araújo e Sheron Menezes.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Romantismo na voz de Daniel Boaventura

Com a simpatia habitual, Daniel Boaventura foi atração do 'Programa do Jô' na noite de ontem, onde cantou músicas que compõem o repertório do recém-lançado CD 'Songs 4 You'. O ator aproveita a visibilidade que a música 'I'm in the Mood For Love' (tema da novela 'Caminho das Índias') está lhe dando para divulgar a série de shows que começa a percorrer Rio e São Paulo. Um dos maiores nomes masculinos dos musicais brasileiros, com festejados trabalhos em montagens como 'My Fair Lady', 'Chicago' e 'A Bela e a Fera', Boaventura contou na entrevista exibida ontem que a ideia de lançar um disco começou a ser amadurecida a partir de uma entrevista que deu para o mesmo Jô há dois anos.
Ele revelou que escolheu o repertório do CD a partir de seu gosto musical, evitando só focar em standards dos musicais ou do jazz. A ideia é acertada, com hits irresistíveis como 'You're So Vain' e 'The Captain of Her Heart' misturados a clássicos como 'Send in the Clowns', célebre canção de Stephen Sondheim, e 'Fly me to the Moom', conhecidíssima na voz do mestre Frank Sinatra. O ator deve compor o elenco da próxima novela das seis. Para quem quer ver o que ele andou dizendo por aí desde que começou a soltar a voz, vale uma espiadinha no youtube:

Noite de festa e emoção para a classe teatral

Sem patrocínio mas com o entusiasmo da classe, mais uma cerimônia do Prêmio APTR de Teatro aconteceu, desta vez no Teatro do Fashion Mall. Grandes nomes da cena artística brasileira, entre eles Natalia Thimberg, Paulo José e Glória Menezes, compareceram ao evento, realizado na segunda-feira, com apresentação de Zezé Polessa e Thiago Lacerda. O simpático e erudito texto de Flávio Marinho deu toque especial à cerimônia, de onde a montagem de 'Inveja dos Anjos', do grupo Armazém, saiu vencedora na categoria de melhor espetáculo (Maneco Quinderé ganhou também pela luz que fez para a peça). O grande momento da noite ficou com Fernando Eiras, que roubou a cena ao subir para receber o troféu de melhor ator em papel coadjuvante, por 'A Noviça Rebelde': emocionado, ele ofereceu o prêmio aos concorrentes e cantou o 'Hino ao Teatro'. Julia Lemmertz, que subiu ao palco para entregar um dos prêmios, não se aguentou e mandou um 'Fernando, eu te amo', festejando a iniciativa do colega. Emocionada também ficou Ana Paula Bouzas ao ser eleita atriz coadjuvante por 'Dona Flor'.
Nas categorias de melhor ator e atriz, não houve surpresas: deu Sergio Britto e Bibi Ferreira. Ele foi e fez discurso econômico, lembrando já ter usado todo o seu repertório 'emocionado' nas premiações anteriores. Ela não compareceu, pois precisava repousar antes da reestreia de 'Bibi Canta Piaf'. Felizes, os integrantes da Cia dos Atores subiram ao palco para receber o prêmio da Categoria Especial, pelos 20 anos de atividades do grupo, que tem em Kike Diaz seu maior expoente. O melhor diretor foi Ary Coslov, por 'Traição', e João Falcão foi eleito melhor autor pelo projeto 'Clandestinos'. Marcos Flaksman ganhou como melhor cenógrafo de 2008 por 'Traição' e Ney Madeira como figurinista por 'O Santo e a Porca' e 'Entropia'. O prêmio de melhor produção ficou com 'Ensima-me a Viver'. Ano que vem tem categoria nova, anunciada pelo presidente da APTR, Eduardo Barata: será a de melhor apoiador cultural.

sábado, 4 de julho de 2009

As meninas de Maitê Proença no Laura Alvim

Segundo texto teatral de Maitê Proença, 'As Meninas' cumpre seu primeiro fim de semana na Casa de Cultura Laura Alvim. Sob direção de Amir Haddad, o espetáculo - que tem rendido briga pelo uso do título com a escritora Lygia Fagundes Telles, cujo principal livro possui o mesmo nome da peça da atriz - foca no universo feminino a partir de um contexto trágico. Vanessa Gerbelli é uma mãe que se levanta do caixão para lembrar de sua trajetória com duas crianças - sua filha e uma amiga da menina. Sara Antunes, do elogiado 'Negrinha', e Patrícia Pinho, de 'A Arte de Escutar', compõem o elenco que percorre memórias de tias, avós e empregadas da mesma família, e conta ainda com Analu Prestes e Clarice Derzié Luz.
Além da empreitada teatral, Maitê cumpre expediente no Projac, com personagem que acaba de entrar na novela 'Caminho das Índias', e no programa 'Saia Justa', que acaba de estrear novo cenário. Toque de espectador: o anterior era bem melhor... Mesmo magoada, Lygia Fagundes - cujo livro 'As Meninas' também vai virar peça de teatro - não pretende processar a produção do espetáculo.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

'Sonho de uma noite de verão' ao ar livre

Já que o assunto é Shakespeare (contagem regressiva para a estreia da minissérie 'Som e Fúria', semana que vem, na Globo), que tal ficar por dentro de mais uma montagem com texto do bardo, ambientada ao ar livre? 'Sonho de Uma Noite de Verão' rendeu esta bela foto, tirada no Rowayton's Pinkney Park, em Connecticut (EUA). Puck, Titânia, Oberon e os amantes que trocam de pares embalaram o sonho de espectadores que puderam ver a peça - uma das mais populares de William Shakespeare - num ambiente que lhe cai como uma luva. A fábula que leva criaturas fantásticas e seres humanos a saborosos encontros e desencontros amorosos ganhou tratamento luxuoso, embalado por folk, rock e temas relaxantes. O figurino, ousado, veste Oberon com jeans skinny. Os lindos parques de Curitiba, no próximo festival de teatro da cidade, bem que podem investir na ideia americana e montar seu Shakespeare ao ar livre...

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Shakespeare no parque com Anne Hathaway

A temporada de 'Noite de Reis' em pleno Central Park, em Nova York, segue firme, com público numeroso. Boa parte dele vai disposto a ver de perto Anne Hathaway, uma das mais belas atrizes da nova geração. A atriz, que ficou conhecida mundo afora graças ao sucesso de 'O Diabo Veste Prada', interpreta Viola, jovem que se disfarça de homem e encontra trabalho como mensageiro. Até aí, nada de mais, não fosse o fato de, como homem, Viola despertar a paixão de Lady Olívia. A comédia de Shakespeare, que se debruça sobre as desventuras do amor, tem ainda no elenco Audra McDonald - da série 'Private Practice' - como Olívia.
Ano que vem, Hathaway divide cena em 'Valentine's Day' (Dia dos Namorados) com Julia Roberts - de quem é considerada sucessora. A atriz estará nas telas também na adaptação de Tim Burton para 'Alice no País das Maravilhas'. Outro a dividir os sets com ela em produção que chega aos cinemas ano que vem é Jake Gyllenhall, em 'Love and Other Drugs'.

'Hairspray' nacional em contagem regressiva

Toda a atmosfera kitsch de John Walters promete ocupar o palco do Oi Casa Grande a partir do dia 10 de julho, quando estreia a versão brasileira do musical 'Hairspray', aquele mesmo, em que Tracy, uma garota gordinha, mostra que seu peso não é problema ao ganhar um concurso de dança na TV, onde passa a rivalizar com a filha loura e magra da produtora do show. O filme de Walters, rei do trash, originalmente lançado em 1988, tinha o travesti Divine no papel da mãe da personagem, a corpulenta Edna. Vinte anos depois, a mamãe gorducha coube a John Travolta, em quem, agora, Edson Celulari se inspira para interpretá-la aqui no Brasil. Danielle Winits vive a loura ameaçada pelo talento de Tracy e Arlete Salles é a responsável por personificar a produtora do programa de TV, papel que no cinema foi de Michelle Pfeiffer.
Enquanto Celulari pode tratar de engordar a partir de próteses e enchimentos, o mesmo não pode ser oferecido a Simone Gutierrez, que vive Tracy. O papel exige uma atriz realmente gorda. Jonatas Faro tem, na montagem brasileira, o papel que foi no cinema do galã de 'High School Musical', Zac Efron. 'Hairspray' estreou na Broadway em agosto de 2002 somando, até novembro de 2008, cerca de 2.500 apresentações. Quem está por trás da montagem nacional é Miguel Falabella.

terça-feira, 30 de junho de 2009

Jackson nos palcos de Londres e do Rio

Se tributos a Michael Jackson não chegaram à Broadway, em Londres a história é outra: o espetáculo 'Thriller Live' (foto) cumpre temporada na capital britânica e espera, a partir da morte do cantor, ver expressivos resultados na bilheteria. A receita da montagem é bem simples: sucessos do astro da música pop são enfileirados e interpretados por elenco grandioso, numa condução que lembra um 'American Idol' especial, sem foco em dramaturgia e, portanto, se esquivando das passagens polêmicas da vida do cantor. O show, que estreou em janeiro, começa com cinco hits do Jackson Five - grupo que revelou Michael, ainda criança - e termina ao som de 'Black or White', um dos últimos sucessos do astro, que depois amargaria sucessivos fracassos. Mesmo com a morte de Jackson, quinta-feira passada, o público que compareceu às sessões do show no fim de semana não deu demonstrações especiais de comoção, segundo a imprensa britânica, se limitando ao comportamento habitual de espectadores de musicais. De acordo com a crítica especializada, nem mesmo as coreografias remetem ao modo de dançar de Michael Jackson - há um ou outro número inspirado nos geniais passos do astro, como o popular 'Moonwalk', e só então a audiência demonstra alguma empolgação.
Para quem estiver em Londres e saudoso do astro, mesmo que a montagem pareça um tanto caça-níqueis, a hora é essa. Aqui no Brasil, Jackson também tem vez nos palcos, no espetáculo 'O Som da Motown', em cartaz no Teatro Leblon. A montagem tem um quadro inteiro só com canções do ídolo pop, principal artista da lendária gravadora. Entre os hits está 'Ben', que deve provocar lágrimas na plateia.

3º Prêmio APTR de Teatro será no dia 6

Esta é para colocar na agenda: a cerimônia do 3º Prêmio APTR de Teatro - do qual participo - acontece dia 6, no Teatro Fashion Mall, quando serão conhecidos os vencedores em 12 categorias. 'Inveja dos Anjos', 'A Noviça Rebelde', 'Traição' e 'Ensina-me a Viver' concorrem a melhor espetáculo, enquanto o prêmio de melhor atriz está entre Bibi Ferreira, Drica Moraes, Glória Menezes e Patrícia Selonk. Os Leonardos Franco e Medeiros disputam o prêmio de melhor ator com Rodrigo Pandolfo e Sergio Britto e os indicados da categoria especial são os 20 anos da Cia dos Atores; Bibi Ferreira, pela bela carreira dedicada ao teatro; o elenco de 'Beatles num Céu de Diamantes' e João Falcão, pela realização do projeto de inclusão de jovens e desconhecidos atores no circuito através da peça 'Clandestinos'.

Cristina Prochaska no Solar de Botafogo

Cristina Prochaska ficou famosa na novela 'Vale Tudo', em que sua personagem tinha um romance com outra mulher, embora para o público o affair fosse apenas levemente insinuado. De lá para cá, a atriz teve poucos papéis de destaque, mas o público carioca pode vê-la nesta temporada teatral no palco do Teatro Solar de Botafogo, toda terça e quarta, no espetáculo 'De Corpo Presente'. A peça, de autoria da atriz Mara Carvallio (que foi casada com o ator Antônio Fagundes e modificou o 'Carvalho' do sobrenome), é uma comédia que foca na incomunicabilidade dos dias de hoje. A ação se passa num velório onde membros de uma família se encontram. Dora, personagem de Prochaska, é uma atriz que se afastou da profissão para se dedicar aos filhos, mas resolve voltar a atuar, contra a vontade do marido. Já o papel de Mara é o de uma argentina judia que, supostamente, tem poderes mediúnicos.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Grandes nomes do teatro musical em discos

Que crise no mercado fonográfico que nada. Para os atores-cantores dos musicais brasileiros, o tempo é de se lançar no competitivo mundo dos discos, com bravura, e de olho no público que tem prestigiado montagens recentes do Rio e São Paulo. Se nas prateleiras já se encontra o CD de Daniel Boaventura 'Songs 4 You', em que o ator-cantor se debruça em clássicos irresistíveis como 'Fly me to the Moon', 'Send in the Clowns' e 'You're so Vain', logo logo quem entra na praia da produção sonora é Soraya Ravenle (foto), que brilhou no ano passado com o musical 'Opereta Carioca'. Em cena na novela 'Paraíso', onde vem brilhando no papel da apaixonada Zefa, a atriz adianta para o blog um pouco do projeto: "Estou na pré-produção do CD que vou gravar com músicas do Paulo Cesar Pinheiro, com produção do Alfredo del Penho (de 'Sassaricando'). Este é um projeto antigo que finalmente vai sair", conta. Soraya é dona de uma das mais belas vozes do teatro brasileiro, mas não está só: outra afinada atriz, que já esteve ao seu lado em 'Ópera do Malandro', Alessandra Maestrini também poderá ser ouvida em CD. O nome do álbum é 'Drama 'n Jazz', com composições em português e em inglês. Segundo a atriz, intérprete da Bozena de 'Toma Lá, Dá Cá', Nelson Motta não só ouviu, como aprovou e enviou duas músicas para as rádios.

domingo, 28 de junho de 2009

No palco, três vezes João Fonseca

Para quem anda sentindo falta do onipresente João Fonseca, eis o que prepara o diretor teatral: em outubro ele estreia novo musical com Gustavo Gasparani (da parceria de sucesso no ótimo 'Opereta Carioca', ao lado de Soraya Ravenle); em novembro é a vez de uma peça de Fabio Porchat com Louise Cardoso e Josie Antello. O grande projeto está guardado para o ano que vem: 'Santa Maria do Caritó', de Newton Moreno (do sucesso 'As Centenárias'), com Lilia Cabral, que vem colhendo os frutos da adaptação da peça 'Divã' para os cinemas.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Jackson: trajetória que rende um musical

Desde que começaram a pipocar na imprensa notícias sobre a morte de Michael Jackson, não pude deixar de pensar em algo que, apesar de claro, pode ter passado despercebido: Michael já estava morto há tempos. Tanto que, na sugestão da ressurreição a partir da anunciada turnê de volta, fez-se o silêncio, com o astro aceitando o próprio destino. Michael sabia que era incapaz de voltar a ser mesmo parte do que fora um dia, pois já se tornara outro, não só nos traços inicialmente modificados para se aproximar da aparência de Diana Ross, mas na vida de sonho descabido de quem não quer crescer e ecoa Neverland. Michael aos 50 era um arremedo de si mesmo e não, não seria capaz de envelhecer. A fenomenal era em que incendiou as pistas com hits do disco que ilustra este post já pertence a um passado remoto. Resta saber quanto tempo os produtores da Broadway levarão para sacar a incrível história que têm nas mãos para inundar as bilheterias de dinheiro com um musical sobre o ídolo e com músicas dele. Nem precisa chegar aos detalhes sórdidos da fase freak. Basta estacionar no auge e sugerir o declínio. Delírio para as multidões.

Fernanda Montenegro rumo aos 80 anos

Nesta sexta-feira de manhã, ao participar de uma banca de avaliação de alunos da CAL, um dos avaliados chamou atenção para um trabalho que realizara ao lado de Fernanda Montenegro durante a turnê que a atriz fez por cidades da Baixada Fluminense. Da cooperação extraíra ensinamentos grandiosos. Neste ano em que a grande dama do teatro brasileiro completa 80 anos (dia 16 de outubro), quem é presenteado é o público: vem de São Paulo o monólogo ao qual a atriz vem se dedicando com afinco, 'Viver sem Tempos Mortos'. Chega ao Rio em agosto a montagem em que o pensamento da filósofa francesa Simone de Beauvoir (1908-1986) é desnudado a partir de cartas trocadas por ela com o marido, o também filósofo Jean-Paul Sartre (1905-1980). O que a Baixada viu primeiro e a Zona Sul carioca verá em breve tem arrancado entusiasmados aplausos da plateia. Quase incessantes, por 10 minutos. Mais. Em retribuição, Fernanda abraça a si mesma como se estivesse abraçando cada pessoa do público, em forma de agradecimento. Além do discurso libertário e da saborosa carga intelectual que reveste o espetáculo, um momento chama especialmente a atenção: é o relato da morte e do funeral de Sartre. Na despedida de um amor de toda a vida está a emoção não só da personagem, mas também o da atriz que recentemente deu adeus ao marido, Fernando Torres. Como 80 anos de vida é uma data que merece celebração à altura, o blog teatropontocom contribui com estas bonitas foto da atriz, na juventude. Parabéns para ela.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Família que investe em problemas sexuais

'Todo Mundo tem Problemas Sexuais', peça de sucesso de Domingos Oliveira e Alberto Goldin, virou filme (que será lançado ainda este ano) e, após a passagem pelos sets de cinema, volta ao palco, com o mesmo Pedro Cardoso da montagem original e da película. Na montagem teatral que chega ao Teatro Fashion Mall dia 3 de julho, ele tem ao seu lado Priscilla Rozenbaum, Paloma Riani e Ricardo Kosovski, que também estão no elenco do filme. Quem pensou em Claudia Abreu errou: a atriz participa somente da produção que ocupará as salas de cinema. O espetáculo é dividido em seis episódios que têm o sexo como tema - o material bruto surgiu da coluna que Goldin, psicanalista, mantém no jornal O Globo. Desde sua estreia, 'Todo Mundo tem Problemas Sexuais' já foi vista por mais de 90 mil pessoas. Maria Mariana, filha de Domingos Oliveira, participou da primeira montagem; Priscilla Rozenbaum, mulher dele, está na atual, no filme, e em quase todas as produções que levam a assinatura do diretor...

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Em debate: quebrar ou não a quarta parede?

Totia Meirelles, que tem se destacado na novela 'Caminho das Índias' apesar do papel coadjuvante, tem pela frente o desafio de interpretar o papel que a senhora da foto tão brilhantemente defendeu na Broadway: o de Mama Rose no musical 'Gipsy'. A previsão de estreia no Rio do musical dirigido por Charles Moeller e Claudio Botelho é para o início do ano que vem, mas o que chama atenção no momento é o comportamento da estrela da montagem da Broadway: num concerto realizado domingo em Las Vegas, a diva Patti Lupone resolveu parar de cantar para confrontar um dos espectadores, numa cruzada que vem fazendo contra aqueles que, na plateia, utilizam câmeras fotográficas, telefones celulares e outros apetrechos. O espectador, que fazia uso de um utensílio eletrônico, foi advertido. Situação semelhante acontecera em janeiro quando um espertinho tratou de tirar fotos no fim de 'Gipsy' em Nova York, o que é rigorosamente proibido.
Desta vez, porém, a interrupção brusca da senhora Lupone causou polêmica: milhares de internautas se manifestaram nos principais jornais americanos, em defesas acaloradas e críticas severas à atriz e cantora. Ao NYTimes, ela tratou de enviar uma carta, em que diz que não vai parar de agir assim e que exige tal respeito pela performance do ator em cena desde que estrelou 'Evita', e lá se vão 30 anos. Assino embaixo: Lupone, que tive o privilégio de ver em 'Gipsy' ano passado, está certíssima. Aqui mesmo, no Rio, é difícil encontrar uma peça em que telefones celulares não toquem durante a encenação. Pior: alguns até mesmo de atores.

'Mary Stuart' em NY: festa para os olhos

Vai de vento em popa a carreira de 'Mary Stuart' na Broadway. A peça - cujo texto, no Brasil, ganhou montagem com Julia Lemmertz no papel-título - seduz pela encenação grandiosa, com direito a chuva em cena e viscerais embates entre os personagens. O espetáculo é um dos mais aclamados da temporada em Nova York. Ficou curioso? Dá uma espiada no http://www.marystuartonbroadway.com/videolink/

segunda-feira, 22 de junho de 2009

'O Zoológico de vidro': emoções leiloadas

Saí de casa sexta animado com a possibilidade de ver mais um Tennessee Williams em palco carioca, desta vez, vindo de São Paulo. Passou-me pela cabeça a eletrizante montagem de 'Um Bonde Chamado Desejo', com Leona Cavalli e Milhem Cortaz, e o mesmo texto sob o título de 'Uma Rua Chamada Pecado', o clássico com Marlon Brando e Vivien Leigh que ganhou reedição especial em DVD com cenas excluídas do filme que fora para as telas de cinema em 1951. Dois exemplares que fazem jus à obra do autor americano que, em 'Zoológico de Vidro' (em cartaz desde quinta-feira no Maison de France), espalha tintas autobiográficas na história de uma mãe dominadora, que tenta administrar com mão de ferro a vida pouco extraordiária dos dois filhos. A favor da encenação dirigida por Ulysses Cruz estão a cenografia de Helio Eichbauer, que situa o ambiente de decadência e sonho da família Wingfield; a luz de Domingos Quintiliano, de casamento perfeito com a gangorra de emoções leiloadas das cenas; e os figurinos de Beth Filipecki e Renaldo Machado, especialmente interessantes na composição de Amanda, a mãe, e Laura, a filha, defendidas, respectivamente, por Cássia Kiss e Karen Coelho.
A opção de Cássia por imprimir certo humor no descontrole emocional da mãe é questionável, mas pode agradar boa parte da plateia. Vale ressaltar que o modo de falar da personagem - defendida com veemência por Cássia - lembra, e muito, o de tipos feitos pela atriz em trabalhos recentes na TV. A frágil Laura de Karen é um acerto, bem como a parceria entre Kiko Mascarenhas e Erom Cordeiro, o primeiro, o filho, o segundo, o suposto pretendente da irmã dele. A produção é bem cuidada e os ingressos saem bem mais em conta às sextas-feiras. Cotação **

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Hamlet de Wagner Moura na Zona Norte

Wagner Moura cansou de dizer por aí que seu Hamlet é popular. Agora, se esforça para popularizá-lo no sentido econômico: de hoje a domingo, o ator mostra sua visão para o clássico de Shakespeare no Teatro Odylo Costa Filho, na Uerj. O ator encarna o angustiado príncipe dinamarquês na Zona Norte do Rio com ingressos a R$ 30 (quem levar uma caixa de leite paga metade do preço). A montagem, considerada brilhante por muitos e superestimada por outros tantos, está completando um ano em cartaz - a estreia foi em São Paulo. A tragédia do príncipe assombrado pela planejada morte do pai foi dividida em dois atos, com o primeiro de rendimento superior ao segundo, em que o ineditismo da proposta de despojamento já demonstra cansaço. O texto, todos sabem, tem momentos de rara beleza, e Wagner alcança instantes memoráveis em alguns monólogos. É aquela coisa: tem que ver para ser mais uma voz acalorada no debate!

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Espetáculos de sucesso de graça em São Paulo

Se o Rio investiu no Viradão Cultural, projeto que privilegiou a música, com shows gratuitos nos quatro cantos da cidade, é a hora de São Paulo apostar as fichas no teatro: a partir desta sexta, e até o dia 28, serão distribuídos 30 mil ingressos para espetáculos em cartaz na capital paulistana. A Festa do Teatro possibilitará que o público veja, de graça, peças como 'A Cabra ou Quem é Sylvia?', com José Wilker, ou o musical 'A Bela e a Fera'. Representante carioca, a montagem de 'A Noviça Rebelde' (foto) também participa do evento. A distribuição de ingressos começa já nesta quinta-feira, no Posto Centro Cultural São Paulo, das 16h às 20h, e segue no dias 23 e 26. Também haverá postos volantes na Lapa, Santo Amaro e Vila Formosa. Para saber de tudo, acesse o http://www.festadoteatro.com.br/

segunda-feira, 15 de junho de 2009

10 motivos para ver 'In on It' no Oi Futuro

Que 'In on It' é a peça do momento todo mundo sabe. O que muita gente ainda não sabe é que, apesar de os ingressos estarem todos vendidos até o fim da temporada, no Oi Futuro (dia 28 de junho, após três meses de sucesso), quem ainda não viu pode, com muita disposição e a possibilidade grande de não conseguir, tentar a sorte de descolar um lugarzinho ao sol na plateia. Apesar de a lotação estar esgotada há algum tempo, há sempre aquele convidado ou pagante que não aparece na hora H (na sexta-feira 12 e chuvosa dos namorados foi assim). Assistimos eu e uma amiga, com um lugar vago ao nosso lado, e não pude deixar de pensar que desperdício ele representava. Sim, porque há muitos motivos para ver a peça do canadense Daniel MacIvor dirigida por Enrique Diaz com Fernando Eiras e Emílio de Mello no elenco. Aqui vão 10:

1.
Porque enxergar a verdade é um risco. Será que é um mal necessário?

2. Porque nos voos de Eiras e Emílio, encontramos nossas próprias asas.

3. Porque a felicidade nos visita e nos escapa e a vida real é ficção.

4. Está lá o lembrete: algumas coisas terminam, outras simplesmente param.

5. Tudo bem, faça planos, mas não conte tanto com eles.

6. Na metalinguagem, um exercício sobre ser ou não ser.

7. Porque o olhar de Diaz é irônico, mas esperançoso.

8. MacIvor encena o jogo da vida.

9. Há humor em cena e a proposta de rir de si mesmo.

10. O título é perfeito para uma peça que beira a perfeição.

terça-feira, 9 de junho de 2009

A merecida coroação de 'Billy Elliot' em NY

Assisti a 'Billy Elliot - The Musical' quando ele ainda era privilégio do West End londrino, no início de 2006, e saí do belo Victoria Palace Theatre com a certeza de que aquele era o melhor musical que eu tinha visto em todos os tempos. Foi uma noite mágica, em que nem o assento pouco privilegiado - mas ainda assim com boa visão do palco - atrapalhou o efeito que o musical teve sobre meus ânimos variáveis de quem viajava sozinho: a adaptação que o próprio diretor Stephen Daldry fez para os palcos de seu filme de 2000 é sublime, ode à liberdade muito bem orquestrada pelas canções de Elton John com letras de Lee Hall.
Não por acaso, o musical foi parar na Broadway e acaba de faturar 10 prêmios no Tony, o Oscar do teatro - os três garotos que se revezam no papel do protagonista foram agraciados com o prêmio de melhor ator (quando eu vi, eram outros três, que já cresceram e deram lugar aos atuais). No inteligente cenário que muda de tamanho num piscar de olhos à frente do espectador, há espaço até para Billy, o garoto filho de pai opressor que sonha se tornar dançarino no norte da Inglaterra, alcançar ares de Peter Pan e voar em cena. Entre os números musicais há um especialmente incrível, em que o garoto-prodígio dança em frente a um grupo de furiosos guardas enfileirados. E se Elton John não levou para casa o Tony de melhor música original, há aí uma injustiça, pois as canções que criou resgatam o excelente compositor dos velhos tempos. Quando for a Nova York, não perca tempo vendo sucessos de bilheteria de gosto duvidoso. Aposte no Billy: vale cada centavo do ingresso.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Encenação exemplar para 'A Alma Boa...'

Quando fiz o último post, sabia da boa recepção que 'A Alma Boa de Setsuan' tivera em São Paulo, mas não imaginava que todos os elogios eram ainda poucos para o espetáculo. A montagem, que abraça com vigor e humor a obra de Brecht, é um exemplo raro da função que o teatro deve ter: sim, aquele velho papo do teatro como agente transformador. As questões ali discutidas, sob direção de Marco Antonio Braz, envolvem o espectador de forma a torná-lo quase participante da ação dramática, nos dilemas morais da prostituta de alma boa que passa a conhecer toda a maldade do mundo quando recebe dinheiro, doado pelos deuses, que reconhecem nela uma firmeza de caráter que seus vizinhos de aldeia não possuem. Chen Tê tem em Denise Fraga uma intérprete delicada e iluminada, com nuances de composição que, a todo instante, parecem sussurrar nos ouvidos de quem a vê: "conheço agora a lei da sobrevivência, mas não sei se estou disposta a praticá-la para me dar bem". Ali, no mundo cão retratado, há momentos de lirismo em cena, com espaço para o surgimento do amor - por que não? - num romance que já nasce torto e poucas chances tem de conserto, mas ainda assim, clama por sobrevida. E quando Chen Tê se passa por um primo para se impor diante dos aproveitadores locais, Denise nos presenteia com um trabalho 'chapliniano', brindando com o melhor dos vinhos um espetáculo que exala graciosidade e inteligência a cada cena, com cenários que trazem a coxia para o palco, luz fantástica, figurinos inventivos e funcionais e elenco exemplar. Que a alma boa de Setsuan seja muito bem vinda ao Rio. Cotação: ****

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Denise Fraga desvenda os caminhos da alma

O Brecht de Denise Fraga chega nesta sexta-feira ao Rio. A atriz mostra aos cariocas 'A Alma Boa de Setsuan', espetáculo que em São Paulo faturou prêmios em importantes categorias do Shell, APCA e Qualidade Brasil. A trupe dirigida por Marco Antônio Braz fica no Teatro dos Quatro até o dia 2 de agosto. Denise interpreta Chen Tê, uma prostituta de bom coração, escolhida como 'a alma boa' da província chinesa de Setsuan. A atribuição divina, recompensada com dinheiro, acaba trazendo muitos transtornos à personagem, que passa a ser vítima da inveja e da exploração alheia. Pequenos detalhes fazem toda a diferença da encenação: a trilha é feita com samplers de músicas tradicionais chinesas, orquestradas por banjos, bandolins e guitarras; sacos de arroz chineses e tailandeses inspiraram os figurinos; os próprios atores recebem a plateia, distribuem o programa, manipulam o cenário e fazem o serviço de contrarregragem. É de João Caldas a bela foto que ilustra o post.

Pacotão artístico movimenta o Jardim Botânico

Literatura, artes plásticas, teatro, música... vai ter de tudo um pouco no evento 'Inventário do Tempo', que ocupa o simpático Espaço Tom Jobim , no Jardim Botânico (telefone 2274-7012), a partir desta sexta-feira. A diretora teatral Bia Lessa ministrará ao lado de Maria Borba o workshop 'Livros + Teatro' no dia 13 . No dia 20, a escritora e crítica literária Flora Süssekind vai analisar a obra de Bia na conversa intitulada 'Desconforto e Deslocamento', seguida da exibição do making of do processo de criação do espetáculo 'Formas Breves' (nova montagem assinada pela diretora, que estreia em julho). A gastronomia fica por conta da chef Roberta Sudbrack, com cardápios especialmente elaborados para o evento. Os livros serão o eixo principal do agito cultural, que mostrará a importância do uso deles como suporte para a manifestação artística. Para quem se interessou, vamos à programação completa:

sexta, 5 de junho
19h - abertura com a exposição Cadernos, do artista plástico Fernando Zarif com participação especial de José Resende.

sábado, 6 de junho
11h - conversas livros + gastronomia. Revelação do gosto aparentemente ausente, com Roberta Sudbrack (entrada franca, com distribuição de senha uma hora antes).
13h30 - experiências gastronômicas. Almoço Breves diversões de Boca, preparado pela chef Roberta Sudbrack (gratuito, com inscrição antecipada na bilheteria do teatro, lugares limitados)15h - conversas livros + cinema com José Carlos Avellar (crítico de cinema) e Eduardo Coutinho (cineasta).
17h - conversas livros + arquitetura com depoimento em vídeo do arquiteto e urbanista Paulo Mendes da Rocha.
19h - livros + artes plásticas: Cadernos. Fernando Zarif com participação especial de José Resende.

domingo, 7 de junho
11h - livros + crianças: passeio pelo jardim com a escola Sá Pereira (lugares limitados, senha uma hora antes).
13h30 - experiências gastronômicas no almoço Breves Diversões de Boca, preparado pela chef Roberta Sudbrack (gratuito, com inscrição antecipada na bilheteria do teatro, lugares limitados).
15h - conversas livros + arte + filosofia com Paulo Sérgio Duarte (crítico de arte) e Pedro Duarte de Andrade (filósofo). Lugares limitados, senha uma hora antes.
17h - conversas livros + ciências exatas com Luiz Alberto Oliveira (físico e filósofo) e Mário Novello (cosmólogo). Lugares limitados, senha uma hora antes.
19h - livros + artes plásticas no encerramento da exposição Cadernos, de Fernando Zarif com participação especial de José Resende.

sábado, 13 de junho
18h - Workshop Bia Lessa e Maria Borba: Livros + Teatro (valor simbólico R$ 10, lugares limitados, venda antecipada na bilheteria do teatro).
21h - experiências gastronômicas: almoço Breves Diversões de Boca, jantar preparado pela chef Roberta Sudbrack + Dj Dany Roland (gratuito, com inscrição antecipada na bilheteria do teatro, lugares limitados).

Sábado, 20 de junho
19h - conversas livros + livros com Flora Sussekind. 'Desconforto e Deslocamento', sobre a obra de Bia Lessa (lugares limitados, senha uma hora antes).
20h - exibição do making of do processo de criação do espetáculo 'Formas Breves' (lugares limitados, senha uma hora antes).
21h - experiências gastronômicas no Breves Diversões de Boca, jantar preparado pela chef Roberta Sudbrack + Dj Dany Roland (gratuito, com inscrição antecipada na bilheteria do teatro, lugares limitados).

Sábado, 27 de junho
19h - livros + música: Os Ritimistas + Léo Tomassini e convidados (R$ 10, venda antecipada na bilheteria do teatro).
21h - experiências gastronômicas no Breves Diversões de Boca, jantar preparado pela chef Roberta Sudbrack + Dj Dany Roland (gratuito, com inscrição antecipada na bilheteria do teatro, lugares limitados).

terça-feira, 2 de junho de 2009

Em cena, o poder e a dor dos 'vermelhos'

O pessoal da peça 'Os Ruivos' vai estar nesta terça-feira no programa do Jô. Eles emplacaram temporada de sucesso no NorteShopping, no Rio, depois do êxito que alcançaram na Zona Sul, em sua estreia, ano passado. Em cena, as agruras da restrita população brasileira que possui cabelos vermelhos, da infância à vida adulta. Os apelidos conquistados pelos 'vermelhinhos' já valem a sessão: Fanta Laranja é apenas um entre muitos outros...

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Julia Lemmertz no teatro, na TV e no cinema

Depois do CCBB do Rio, é a vez do Teatro Municipal de Niterói receber, no dia 12 de junho, o espetáculo 'Maria Stuart', para temporada que se estende até o dia 21. Quem se aventura pelo clássico texto de Friedrich Schiller é Julia Lemmertz, que encara o papel-título e divide as atenções com Clarice Niskier, do sucesso 'A Alma Imoral'. O histórico conflito entre as rainhas, primas e rivais, Elizabeth, da Inglaterra, e Mary Stuart, da Escócia, ganha encenação nacional com quase três horas de duração e a direção é de Antonio Gilberto. Tem mais notícia boa para os admiradores de Julia Lemmertz: é dela um dos papéis principais do polêmico 'Do Começo ao Fim', filme que foca na relação de amor entre dois irmãos gays. O longa de Aluísio Abranches (com quem a atriz fez o provocativo 'Um Copo de Cólera') tem estreia prevista para o início do ano que vem. Na TV, a atriz pode ser vista na série 'Tudo Novo de Novo', toda sexta-feira, na Globo. Para quem ficou curioso sobre o filme, eis o trailer, sucesso absoluto no youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=3DVa2DKSnU0

sexta-feira, 29 de maio de 2009

O Hamlet de Jude e o de Wagner Moura

Um Jude Law com calvície acentuada ilustra o material de divulgação de 'Hamlet', uma das sensações desta temporada no West End londrino. O ator, conhecido no cinema por papéis em filmes como 'O Talentoso Ripley', 'Closer' e, mais recentemente, 'Um Beijo Roubado', resolveu investir as fichas no clássico de Shakespeare, interpretando o atormentado príncipe da Dinamarca. Assistir ao pilar fundamental da dramaturgia universal não é, contudo, privilégio dos britânicos nesta estação: até domingo, Wagner Moura mostra sua controversa (e corajosa) visão para o texto, em encenação que busca apoio em elementos de apelo pop para tentar tirar o peso que recai sobre os grandes clássicos. No Oi Casa Grande.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

O teatro da Rússia, argentina, Espanha e Itália

Os CCBBs do Rio e Brasília vão receber quatro companhias teatrais (da Rússia, Argentina, Espanha e Itália). É aquela mesma mostra internacional que já trouxe ao Brasil Peter Brook e as peças falam basicamente de falta de tolerância na convivência nos dias de hoje. Uma das companhias é a Teatr Licedei, que foi criado em 1968 em Leningrado por Slava Polunin. Tido como um dos maiores palhaços do mundo, ele assinou inesquecíveis números de clown do Cirque du Soleil. É o Licedei que abre os trabalhos com seu trabalho clownesco no Rio, nos dias 5, 6 e 7 de junho. Na semana seguinte, será a vez dos hermanos argentinos. Em seguida vêm espanhóis e italianos. Para quem quiser mais detalhes, vamos ao serviço:
Mostra Internacional de Teatro – MIT 2009. Temporada de 5 a 28 de junho. Local: Centro Cultural Banco do Brasil - Teatro II (Rua Primeiro de Março 66 – Centro). Horários: sexta a domingo às 19h30. Preço: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia). Bilheteria: de terça a domingo, das 10h às 21h. Maiores Informações: 3808-2020.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Nada de preguiça para o elenco da Farsa...

Suassuna está entre nós, e no boca a boca, 'Farsa da Boa Preguiça' tem feito uma bela carreira em sua temporada carioca. O espetáculo, que estreia em São Paulo dia 19 de junho no Sesc Vila Mariana, abarrotou o Sesc Ginástico, no Rio, durante suas primeiras semanas, e seguiu para o teatro do Fashion Mall, que abriu as cortinas pela primeira vez com a gloriosa temporada de Marília Pêra no musical 'Gloriosa'. No elitizado shopping de São Conrado, a peça tem conquistado boa ocupação de assentos nos fins de semana, e o elenco, sob direção de João das Neves, deita e rola nesta comédia em que divide o palco com mamulengos. Na trama, um casal pobre, vivido por Guilherme Piva e Daniela Fontan, é assediado por um casal rico, interpretado por Ernani Moraes e Bianca Byington. Céu e inferno dão seus pitacos na divertida história.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Ator de 'Capitu' em 'O Despertar da Primavera'

Já tem data marcada para o início dos ensaios de 'O Despertar da Primavera', novo musical de Charles Möeller e Claudio Botelho: 8 de junho. Com a proximidade, Botelho, responsável pelas traduções das letras das canções, está correndo contra o tempo. É ele mesmo, de casa, quem revela como tem sido sua rotina. "Estou terminando a tradução de 'Spring Awakening' a toque de caixa para o elenco ter o que fazer", adianta o diretor musical. O elenco é formado em sua maioria por jovens e desconhecidos atores escolhidos por testes, e quem promete dar o que falar é Pierri Baitelli (foto), que estreou na TV na minissérie 'Capitu', de Luiz Fernando Carvalho, em dezembro do ano passado. No musical, que estreia em agosto no Rio, ele será Melchior, o protagonista, jovem contestador e sensível, oportunidade para o ator e modelo, que veio de Petrópolis para o Rio aos 15 anos (ele está com 25), mostrar que sabe cantar.
Sucesso na Broadway, 'O Despertar da Primavera' tem exigido de Botelho rigor extra. "As letras desta peça são complicadas de traduzir, pois são muito poéticas. Não são letras de teatro, é um outro departamento. Mas, enfim, faz parte do desafio", revela o responsável pelas traduções. 'O Despertar da Primavera' parte da peça homônima, de Frank Wedekind (1864-1918), para contar a história de jovens que descobrem o desejo, a maternidade e a morte na Alemanha do fim do século 19.

domingo, 24 de maio de 2009

Marisa Orth mostra sua 'insanidade necessária'

O Teatro Rival festejou o talento de Marisa Orth no fim de semana, com a minitemporada do espetáculo 'Romance Volume II', em que a atriz mostra seus já conhecidos dotes de cantora. Não é, contudo, o talento vocal da intérprete que está em evidência, mas a facilidade que tem para fazer graça: quando interage com a plateia, discorre sobre a sedução amorosa e os tipos de homens e mulheres. ""Tem a "mulher-lagosta', que só rico come. Tem também o tipo 'pizza gigante': dá pra oito!", dispara. Irresistível também é ouvi-la traduzir, trecho a trecho, a letra do hit 'I'm Not In Love', canção obrigatória dos programas radiofônicos de flashbacks, e deitar e rolar na interpretação de músicas como 'Insanidade Temporária', adorável delírio de André Abujamra com Flávio de Souza, sobre um marido devastado pelo crise de TPM da mulher.
De Rita Lee a Tim Maia, passando por pérolas do trash, como 'Massage for Man', hit da dançarina Sharon, o repertório dá à atriz a possibilidade de fazer de cada canção uma nova cena, com o único propósito de divertir a partir das várias fases do envolvimento amoroso. Confessional e envolvente, o show que fez carreira em São Paulo chegou ao Rio com potencial para emplacar nova temporada: uma ideia simples, bem executada e cheia de graça. Cotação: **