sexta-feira, 29 de maio de 2009

O Hamlet de Jude e o de Wagner Moura

Um Jude Law com calvície acentuada ilustra o material de divulgação de 'Hamlet', uma das sensações desta temporada no West End londrino. O ator, conhecido no cinema por papéis em filmes como 'O Talentoso Ripley', 'Closer' e, mais recentemente, 'Um Beijo Roubado', resolveu investir as fichas no clássico de Shakespeare, interpretando o atormentado príncipe da Dinamarca. Assistir ao pilar fundamental da dramaturgia universal não é, contudo, privilégio dos britânicos nesta estação: até domingo, Wagner Moura mostra sua controversa (e corajosa) visão para o texto, em encenação que busca apoio em elementos de apelo pop para tentar tirar o peso que recai sobre os grandes clássicos. No Oi Casa Grande.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

O teatro da Rússia, argentina, Espanha e Itália

Os CCBBs do Rio e Brasília vão receber quatro companhias teatrais (da Rússia, Argentina, Espanha e Itália). É aquela mesma mostra internacional que já trouxe ao Brasil Peter Brook e as peças falam basicamente de falta de tolerância na convivência nos dias de hoje. Uma das companhias é a Teatr Licedei, que foi criado em 1968 em Leningrado por Slava Polunin. Tido como um dos maiores palhaços do mundo, ele assinou inesquecíveis números de clown do Cirque du Soleil. É o Licedei que abre os trabalhos com seu trabalho clownesco no Rio, nos dias 5, 6 e 7 de junho. Na semana seguinte, será a vez dos hermanos argentinos. Em seguida vêm espanhóis e italianos. Para quem quiser mais detalhes, vamos ao serviço:
Mostra Internacional de Teatro – MIT 2009. Temporada de 5 a 28 de junho. Local: Centro Cultural Banco do Brasil - Teatro II (Rua Primeiro de Março 66 – Centro). Horários: sexta a domingo às 19h30. Preço: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia). Bilheteria: de terça a domingo, das 10h às 21h. Maiores Informações: 3808-2020.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Nada de preguiça para o elenco da Farsa...

Suassuna está entre nós, e no boca a boca, 'Farsa da Boa Preguiça' tem feito uma bela carreira em sua temporada carioca. O espetáculo, que estreia em São Paulo dia 19 de junho no Sesc Vila Mariana, abarrotou o Sesc Ginástico, no Rio, durante suas primeiras semanas, e seguiu para o teatro do Fashion Mall, que abriu as cortinas pela primeira vez com a gloriosa temporada de Marília Pêra no musical 'Gloriosa'. No elitizado shopping de São Conrado, a peça tem conquistado boa ocupação de assentos nos fins de semana, e o elenco, sob direção de João das Neves, deita e rola nesta comédia em que divide o palco com mamulengos. Na trama, um casal pobre, vivido por Guilherme Piva e Daniela Fontan, é assediado por um casal rico, interpretado por Ernani Moraes e Bianca Byington. Céu e inferno dão seus pitacos na divertida história.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Ator de 'Capitu' em 'O Despertar da Primavera'

Já tem data marcada para o início dos ensaios de 'O Despertar da Primavera', novo musical de Charles Möeller e Claudio Botelho: 8 de junho. Com a proximidade, Botelho, responsável pelas traduções das letras das canções, está correndo contra o tempo. É ele mesmo, de casa, quem revela como tem sido sua rotina. "Estou terminando a tradução de 'Spring Awakening' a toque de caixa para o elenco ter o que fazer", adianta o diretor musical. O elenco é formado em sua maioria por jovens e desconhecidos atores escolhidos por testes, e quem promete dar o que falar é Pierri Baitelli (foto), que estreou na TV na minissérie 'Capitu', de Luiz Fernando Carvalho, em dezembro do ano passado. No musical, que estreia em agosto no Rio, ele será Melchior, o protagonista, jovem contestador e sensível, oportunidade para o ator e modelo, que veio de Petrópolis para o Rio aos 15 anos (ele está com 25), mostrar que sabe cantar.
Sucesso na Broadway, 'O Despertar da Primavera' tem exigido de Botelho rigor extra. "As letras desta peça são complicadas de traduzir, pois são muito poéticas. Não são letras de teatro, é um outro departamento. Mas, enfim, faz parte do desafio", revela o responsável pelas traduções. 'O Despertar da Primavera' parte da peça homônima, de Frank Wedekind (1864-1918), para contar a história de jovens que descobrem o desejo, a maternidade e a morte na Alemanha do fim do século 19.

domingo, 24 de maio de 2009

Marisa Orth mostra sua 'insanidade necessária'

O Teatro Rival festejou o talento de Marisa Orth no fim de semana, com a minitemporada do espetáculo 'Romance Volume II', em que a atriz mostra seus já conhecidos dotes de cantora. Não é, contudo, o talento vocal da intérprete que está em evidência, mas a facilidade que tem para fazer graça: quando interage com a plateia, discorre sobre a sedução amorosa e os tipos de homens e mulheres. ""Tem a "mulher-lagosta', que só rico come. Tem também o tipo 'pizza gigante': dá pra oito!", dispara. Irresistível também é ouvi-la traduzir, trecho a trecho, a letra do hit 'I'm Not In Love', canção obrigatória dos programas radiofônicos de flashbacks, e deitar e rolar na interpretação de músicas como 'Insanidade Temporária', adorável delírio de André Abujamra com Flávio de Souza, sobre um marido devastado pelo crise de TPM da mulher.
De Rita Lee a Tim Maia, passando por pérolas do trash, como 'Massage for Man', hit da dançarina Sharon, o repertório dá à atriz a possibilidade de fazer de cada canção uma nova cena, com o único propósito de divertir a partir das várias fases do envolvimento amoroso. Confessional e envolvente, o show que fez carreira em São Paulo chegou ao Rio com potencial para emplacar nova temporada: uma ideia simples, bem executada e cheia de graça. Cotação: **

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Dalla Vecchia ensaia 'Um Estranho Casal'

Está marcada para 4 de junho, no Teatro do Leblon, a estreia da peça 'Um Estranho Casal'. O texto de Neil Simon (que virou filme em 1968 com Jack Lemmon e Walter Mattau) ganha montagem brasileira com a presença de Carmo Dalla Vecchia, ele mesmo, o Zé Bob de 'A Favorita'. Quem assistiu recentemente ao adorável 'Eu te Amo, Cara' verá que a peça guarda alguma semelhança com o filme, pois trata da história de amor entre dois amigos, não amor carnal - amor de amigo mesmo. Carmo e Edson Fieschi vivem dois caras que vão morar juntos depois que um deles é expulso de casa pela mulher. De temperamentos opostos, travam duelos que pretendem divertir o espectador com considerações sobre a vida a dois. Quem assina a tradução do texto é Gilberto Braga e a direção está a cargo de Celso Nunes. 'Um Estranho Casal' já teve nove indicações ao Tony, prêmio máximo do teatro americano, e ganhou em quatro categorias, incluindo melhor texto. Além da peça, Carmo prepara sua volta à TV, na próxima novela das seis. Vale lembrar que por aqui já temos, com texto de Neil Simon, o simpático 'Esta é a Nossa Canção' (até 31 de maio no Maison de France), e tivemos 'Sweet Charity', caprichada montagem com Claudia Raia.

'Rock'n'roll': uma montagem superestimada

Foi Oscar Wilde quem sentenciou: "Pouca sinceridade é uma coisa perigosa, e muita sinceridade é absolutamente fatal". É dele também a seguinte observação: "O descontentamento é o primeiro passo na evolução de um homem ou de uma nação". Escolhi Wilde para abrir os trabalhos deste novo blog pois, na contramão de boa parte das opiniões da crítica, não gostei da montagem nacional de 'Rock'n'Roll', celebrado texto do Tom Stoppard (depois da morte de Harold Pinter, considerado o grande nome vivo da dramaturgia mundial). Com exceção da magnética presença de Gisele Fróes, a peça que se vê no Rio, agora no Teatro Villa-Lobos, é mais de erros que de acertos: as cenas são recuadas demais, algumas falas difíceis de escutar e o embate central - em torno da desestruturação do comunismo no leste europeu - é chato e datado. O que poderia haver de melhor deve passar batido para os não iniciados no rock'n'roll: a trilha, com canções dos Stones, Velvet Underground, Beatles, John Lennon, Bob Dylan e por aí vai, não tem uma amarração consistente com as cenas - e quem nada sabe sobre Syd Barrett (fundador do Pink Floyd e figura importante no enredo) sai do teatro ainda sem saber.

No elenco, Thiago Fragoso e Otávio Augusto, estudante e professor marxista, pouco contribuem para imprimir vigor narrativo à montagem. Embora bem cuidado, 'Rock'n'Roll' sofre com a duração excessiva (três horas) e merecia outro olhar dos diretores Felipe Vidal e Tato Consorti: menos careta, mais dinâmico e corajoso. Não é uma peça ruim - há bons momentos no confronto entre razão e emoção - mas está longe de alcançar o patamar a que se propõe. Voltando ao Wilde, bem, complicado foi tentar falar isso cara a cara com uma das produtoras do espetáculo em reunião recente da APTR (Associação dos Produtores de Teatro do Rio de Janeiro). Quando vi a peça, presenciei pessoas reclamando do tom arrastado, durante o intervalo, e no final. A produtora não só não acreditou como citou um bate-papo com estudantes da PUC que viram o espetáculo e, segundo ela, saíram fascinados. Ao leitor que ainda não foi assistir, resta tirar suas próprias conclusões. Cotação: *