sexta-feira, 22 de maio de 2009

Dalla Vecchia ensaia 'Um Estranho Casal'

Está marcada para 4 de junho, no Teatro do Leblon, a estreia da peça 'Um Estranho Casal'. O texto de Neil Simon (que virou filme em 1968 com Jack Lemmon e Walter Mattau) ganha montagem brasileira com a presença de Carmo Dalla Vecchia, ele mesmo, o Zé Bob de 'A Favorita'. Quem assistiu recentemente ao adorável 'Eu te Amo, Cara' verá que a peça guarda alguma semelhança com o filme, pois trata da história de amor entre dois amigos, não amor carnal - amor de amigo mesmo. Carmo e Edson Fieschi vivem dois caras que vão morar juntos depois que um deles é expulso de casa pela mulher. De temperamentos opostos, travam duelos que pretendem divertir o espectador com considerações sobre a vida a dois. Quem assina a tradução do texto é Gilberto Braga e a direção está a cargo de Celso Nunes. 'Um Estranho Casal' já teve nove indicações ao Tony, prêmio máximo do teatro americano, e ganhou em quatro categorias, incluindo melhor texto. Além da peça, Carmo prepara sua volta à TV, na próxima novela das seis. Vale lembrar que por aqui já temos, com texto de Neil Simon, o simpático 'Esta é a Nossa Canção' (até 31 de maio no Maison de France), e tivemos 'Sweet Charity', caprichada montagem com Claudia Raia.

4 comentários:

  1. Oba! Adorei o Carmo na novela, quero ver essa peça!

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  2. UM ESTRANHO ESPETÁCULO; UMA ESTRANHA CONDUTA!!!

    A presente leitora e espectadora escreve com um quê de cansaço e descrença, é verdade. Cansaço pela infinitude de coisas erradas, desrespeitosas e equivocadas que vemos no mundo; descrença porque é necessário reclamar, argumentar, provar e lutar diariamente pelo certo, até pelos direitos já adquiridos, e muitas vezes nada disso adianta. Mas vamos lá, vamos tentar!
    Falo à respeito de um sábado à noite (10/10), dia de lazer, em que pensamos em nos divertir, quem sabe rir um pouco em meio a um mundo tão cheio de desgraças e misérias, ilegalidades e incompreensão. Decido assistir a uma peça de teatro e convido minha mãe, uma senhora de 74 anos, para acompanhar-me ao programa. Vamos ao Teatro do Leblon assistir a “Um Estranho Casal”, peça bem indicada e elogiada pela crítica para quem deseja um riso certo. Lugar badalado, “bombando” como dizem os jovens, apesar da chuva.
    Estávamos animadas com o programa, mas qual a nossa perplexidade, quando, já no início do espetáculo, um dos atores “saca” um cigarro, o acende e o fuma - de fato. E outro ator também, e outro, e outro, quase todos – uns 5, todos fumando juntos. “Deve ser uma pegadinha! Quem sabe, uma experiência com a platéia!”. Em algum momento, alguma câmera vai surgir, denunciando-se em gargalhadas, denunciando também a nossa surpresa e o nosso pigarro! Em algum momento, o ator vai falar “Haha, era só para ver a reação do público”. Mas isso não acontece. Sentadas à terceira fila, que é bem próxima ao palco, em um teatro relativamente pequeno e intimista, no qual a platéia fica muito perto do palco, começamos com facilidade a receber a fumaça dos cigarros fumados. “Ah, deve ser apenas 1 cigarro!” Ledo engano. Isso se repetiu por todo o espetáculo: os atores fumaram continuamente, de frente para nós, muito de perto e a fumaça vinha direto em nossa direção, pois até mesmo o fundo do cenário era uma “parede” que dificultava que a fumaça por ali se esvaísse. Assim, o teatro rapidamente se transformou em um ...“fumódromo” e a platéia em uma audiência de fumantes passivos, já que era um lugar fechado e a fumaça, obviamente, não permanece só no palco, propagando-se pelo ambiente. Não bastasse isso, um dos atores, por conta do enredo, utilizava várias vezes um desodorizador de ar em “spray”, perfumando ‘de verdade’ o ar, e acontecendo o mesmo que com a fumaça. Em uma das vezes, uma longa e demorada utilização do “spray” em direção à platéia projetou o produto bem em nossos rostos. Será que ali ele não pensou nas pessoas que estavam próximas, recebendo aquele produto?
    A troca de lugares, por nossa iniciativa, já não evitava o mal que essas práticas nos causaram. Alérgicas, tivemos que usar medicamento específico ao chegar em casa, devido à grande dificuldade respiratória com que ficamos e aos olhos bastante irritados. Não-fumantes, com o olfato sensível, tivemos a nossa escolha violada pela imposição do fumo passivo. Ainda lá, ouvimos entre as poltronas atrás de nós, vários comentários inibidos, quase sussurrados, “de que o cheiro estava chegando ali” (tanto do cigarro como do “spray”), mas, que eu saiba, ninguém se manifestou – talvez tão surpresos quanto nós e pegos desprevenidos.(PARTE 1 - CONTINUA)

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  3. (parte 2 ) O caso foi relatado com perplexidade ao gerente do teatro, o Sr Eduardo, que nos disse ser permitido fumar em cena!! Reflitamos. O público não pode fumar em lugares fechados, pois é lei já conhecida - e a cumpre. Mas os atores, porque estão em uma outra atmosfera, digamos, imaginária, fora do mundo real, podem? Estão em de outro planeta, em outra dimensão? Podem não cumprir as regras do mundo real e fazer as suas próprias regras? Eles estavam em cena sim, mas no mundo real, junto conosco. Estávamos dividindo ali, inclusive, a mesma experiência! Para o desodorizador de ar, não há lei, mas há lei para quem provoca lesões em outrem, seja com qualquer instrumento ou de qualquer forma – e há o BOM SENSO (o de não querer prejudicar e nem ferir ninguém)! Os atores estavam encenando, mas estávamos todos no mesmo ambiente, é claro! Se ouvesse uma película invisível ou uma parede de vidro vedando totalmente o palco da platéia.... ora, mas não é assim!
    A atmosfera de veracidade do espetáculo poderia ser alcançada, sim, apenas com o talento dos atores, pois estão ali justamente para mexerem com a imaginação, com a fantasia – a nossa e a deles. Dispensaria esses atos tão lesivos ao público, tão desrespeitosos e até ilegais. Perdoem-me, mas não há argumentos; não há justificativas.
    Mais que com as nossas saúdes afetadas (não apenas por 1 noite), ficamos perplexas e decepcionadas. Assíduas freqüentadoras da vida cultural da cidade, nunca havíamos visto isso. Tamanha falta de consideração, tamanha falta de imaginação e tamanha falta de raciocínio, tão óbvio foi o disparate. Lamentamos muito termos saído, naquela noite chuvosa, do conforto de nossa casa, com a intenção de prestigiar um espetáculo tetaral e acabarmos nos colocando em uma situação tão... ruim, na falta de melhor palavra. Sentimo-nos agredidas, desrespeitadas!
    O espetáculo terminou a sua temporada no Rio e inicia uma outra em São Paulo e, portanto, ainda há tempo para corrigir essa situação. Não conseguimos com o Teatro do Leblon sequer um email da produção da peça para enviarmos esta consideração, quando solicitamos um contato. Pareceu-me mesmo que o assunto do nosso relato foi subestimado, ouvido com enfado, após a nossa insistência para sermos atendidas e ouvidas. Ficam esse relato e alguns questionamentos.
    Ao teatro, que permitiu o fumo, apesar das suas próprias placas, legíveis e politicamente corretas, pregadas às paredes internas laterais da sala de teatro, com o aviso “é proibido fumar”. Bem próximas, inclusive, dos atores que empunhavam os cigarros acesos, fumados em tempo real até o fim. Além disso, o mínimo que poderia ter sido feito seria avisar ao público, junto com a vasta publicidade da peça, que os atores fumam em cena. Assim, os alérgicos e/ou os não-fumantes poderiam optar por não ir e não seriam pegos desprevenidos – isso é dar ao outro liberdade de escolha. (continua)

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  4. (parte 3 e última) -
    À produção da peça, que poderia ter qualquer outra alternativa: substituído o “spray” e os cigarros por algo não lesivo; apenas fingir que se colocava “spray” e que se fumava; ou qualquer outra coisa pensada por quem de direito. Se tivermos que ter esse grau de realidade para vivenciarmos o espetáculo, provavelmente seremos atingidos por uma bala quando em uma cena de assassinato no palco! Não creio que tenha sido falta de idéia, de imaginação dos autores e produtores da peça, pois talento não lhes falta. Na verdade, não creio o que tenha sido.
    Às autoridades competentes, que possam corrigir esse fato, coibir esse ato, apurar as responsabilidades, assumindo inclusive as suas próprias, não esperando que mais pessoas venham a ser lesadas. Reitero que o espetáculo continuará em São Paulo.
    Comunicóloga, publicitária, professora, amante e estudiosa da comunicação, da cultura e da arte, esse é o meu modesto manifesto! Pelas artes e pela cultura, pela boa convivência entre os indivíduos, pelo respeito, pelo bom senso, pela argumentação inteligente. Quero crer que tudo foi apenas uma falta de atenção e que será corrigido. Quero crer que possa continuar ensinando que a arte – instrumento tão contestador e revolucionário, à serviço da vida - é a própria manifestação da vida e, por isso, não pode estar acima dela e lhe deve respeito. Quero crer que estamos falando a pessoas sensíveis (principalmente os artistas) e sensatas, dispostas a ouvir, a receber, a abrigar, a considerar o que o outro lhe dirige educadamente, sinceramente. Quero crer que possamos continuar tendo bons espetáculos, inteligentes e bem feitos e, acima de tudo, que respeitem o público, não só na sua inteligência, mas também na sua integridade - sob todos os aspectos - e na sua possibilidade de escolha, de dizer NÃO também.
    Quero crer!

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