sexta-feira, 14 de agosto de 2009

'A Música Segunda': as escolhas de um diretor

De tempos em tempos, a gente acaba sendo surpreendido por montagens teatrais de realização questionável, mas levada adianta graças à paixão. Paixão dos atores pelo projeto. Paixão do diretor pelo projeto. Paixão do produtor. É com esse 'amor demais' que o espetáculo 'A Música Segunda' cumpre temporada no Rio, no Maison de France. Curiosamente, tanta entrega ao projeto, um texto de Marguerite Duras sobre o reencontro de um casal que viveu uma paixão doentia e está separado há três anos, não garante vigor dramatúrgico. Helena Ranaldi e Leonardo Medeiros repetem, sob verniz de texto sério e profundo, os tipos da novela 'A Favorita': ela é a mulher infiel; ele, o marido traído, lamentoso. E se jogam, sem temor, na proposta do diretor José Possi Netto, que pontua as emoções com música, a todo instante, e ainda coloca em cena dois bailarinos, como alteregos dos protagonistas. Há marcações duras, quase coreografadas, e, é bom ressaltar, o excesso de toda aquela música com muito sax e atmosfera pseudo-envolvente é de gosto duvidoso. A discussão toda do casal, que vasculha o passado em busca de respostas para o fim, não traz nada de novo. E acaba ficando em segundo plano, diante de tantos artifícios da encenação.

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