segunda-feira, 22 de junho de 2009

'O Zoológico de vidro': emoções leiloadas

Saí de casa sexta animado com a possibilidade de ver mais um Tennessee Williams em palco carioca, desta vez, vindo de São Paulo. Passou-me pela cabeça a eletrizante montagem de 'Um Bonde Chamado Desejo', com Leona Cavalli e Milhem Cortaz, e o mesmo texto sob o título de 'Uma Rua Chamada Pecado', o clássico com Marlon Brando e Vivien Leigh que ganhou reedição especial em DVD com cenas excluídas do filme que fora para as telas de cinema em 1951. Dois exemplares que fazem jus à obra do autor americano que, em 'Zoológico de Vidro' (em cartaz desde quinta-feira no Maison de France), espalha tintas autobiográficas na história de uma mãe dominadora, que tenta administrar com mão de ferro a vida pouco extraordiária dos dois filhos. A favor da encenação dirigida por Ulysses Cruz estão a cenografia de Helio Eichbauer, que situa o ambiente de decadência e sonho da família Wingfield; a luz de Domingos Quintiliano, de casamento perfeito com a gangorra de emoções leiloadas das cenas; e os figurinos de Beth Filipecki e Renaldo Machado, especialmente interessantes na composição de Amanda, a mãe, e Laura, a filha, defendidas, respectivamente, por Cássia Kiss e Karen Coelho.
A opção de Cássia por imprimir certo humor no descontrole emocional da mãe é questionável, mas pode agradar boa parte da plateia. Vale ressaltar que o modo de falar da personagem - defendida com veemência por Cássia - lembra, e muito, o de tipos feitos pela atriz em trabalhos recentes na TV. A frágil Laura de Karen é um acerto, bem como a parceria entre Kiko Mascarenhas e Erom Cordeiro, o primeiro, o filho, o segundo, o suposto pretendente da irmã dele. A produção é bem cuidada e os ingressos saem bem mais em conta às sextas-feiras. Cotação **

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