terça-feira, 14 de julho de 2009

'Hairspray' nacional: uma explosão de alegria

A estreia da montagem brasileira do musical 'Hairspray', semana passada, no Oi Casa Grande, foi cercada de alguns contratempos: quarta e quinta-feira, nos dois primeiros dias de apresentação, houve falhas técnicas - boa parte delas sonoras - que, ao que parece, não chegaram a comprometer o bom resultado final da encenação. Na sexta-feira, para uma plateia repleta de vips, as coisas estavam melhores, embora ainda não 100%: houve falha no microfone de alguns atores e Edson Celulari fez menos do que podia na 'exigida' entrada triunfal de canto e dança de Edna Turnblad nos momentos finais. No instante em que a mãe rechonchuda da protagonista tem que mostrar a que veio, e dançar e cantar com o mesmo empenho da espevitada filha Tracy, o ator se atrapalhou no refrão: sorte é que sua Edna já fizera bonito antes, em dueto com o marido magricela.
Dirigido e traduzido por Miguel Falabella, o 'Hairspray' brasileiro é obrigado a seguir à risca figurinos e coreografias do original da Broadway e mostra competência nos dois quesitos. Mas o que o segura mesmo é a excelente escolha da atriz protagonista: Simone Gutierrez é um furacão, prestes a estourar a todo instante em corpo diminuto. E como canta bem essa menina. Soma-se a ela como ponto alto o elenco coadjuvante, principalmente Bené Monteiro, o garoto negro Seawed, cheio de ritmo. As letras traduzidas de Falabella também são competentes e Arlette Salles opta por 'abrasileirar' a vilã da história, em tom acertado. Já a voz de loura burra que Danielle Winits empresta à outra malvada da trama está acima do tom, já que tem que ser utilizada nas canções, o que acaba por torná-las aborrecidas. Ainda assim, a atriz diverte a plateia. Dividido em dois atos, o musical tem ritmo de sobra no primeiro, mas não segura tão bem a onda no segundo, que mereceria duração menor - o problema aí é do roteiro original. Ainda assim, o saldo final é positivo, com 'Hairspray' resultando numa explosão de alegria. Cotação: ***

Um comentário:

  1. Oi André,

    Gostei dos seus elogios a Tracy da Simone Gutierrez e ao ótimo Seaweed Stubs do Bené Monteiro, mas realmente não entendo o elogio às versões das músicas, que em geral são muito ruins, com exceção de "Eterno Pra Mim" e "Não Vamos Parar". "Abrasileirar" a vilã da peça para que ela se pareça com a Copélia do Toma Lá Dá Cá também não faz sentido.

    Infelizmente senti essa queda do segundo ato, mesmo com as melhores músicas da peça estando exatamente nessa parte da peça: "Without Love", "It´s Hairspray", "Cooties", "I know Where I´ve Been" e o finale com "You Can´t Stop the Beat". Não há motivo para essa queda de ritmo no segundo ato, pelo contrário, deveria ser mais empolgante que o primeiro. Achei que a direção da peça falhou muito nesse quesito.

    Um abraço,

    Leandro Giglio

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